"Conciliar não é legal"

Seguindo a linha de pensamento de que 'um erro não justifica outro', faço aqui meu protesto com esta contra-campanha: "Conciliar não é legal".
Considero que nos afasta de soluções permanentes e duradouras e nos coloca em estado de letargia frente a um dos problemas do Judiciário - a morosidade na tramitação dos processos, aderir a campanha do 'Conciliar é legal', daí porque faço a minha: Conciliar não é legal.
A idéia é simples. O Judiciário tem que ser eficiente. Eficiência, no caso, significa dar conta do que exige a demanda por serviços judiciários.
Se alguém necessita se socorrer do Judiciário, é porque já experimentou a inércia da outra parte, o réu, ou porque o réu é o próprio Estado e este só paga o que deve, quando paga, por precatório.
Uma vez proposta a ação, esperar ou até mesmo exigir que o demandante tenha postura conciliatória, é dar razão a quem não tinha, premiando o devedor inerte, aquele que agora poderá, incentivado pela campanha do 'Conciliar é legal', dar menos do que é devido ao credor.
Daí porque devemos cobrar do Estado investimentos no Judiciário, especialmente o paulista, para que este nos devolva serviço eficiente. Até que o serviço judiciário se torne eficiente, conciliar certamente será abrir mão de parte daquilo que se tem direito. Quando o Judiciário se tornar eficiente, até o réu terá muito interesse em conciliar, daí então a conciliação poderá ser menos prejudicial àquele que teve de usar seus serviços.
Por isso, por enquanto, conciliar não é legal.